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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Individualismo cego dos liberais e a sua alternativa


A expressão "indivíduo" só é concreta quando se leva em consideração suas ações em função do posto social em que ele ocupa. A ação social do indivíduo existe apenas em relação ao seu próximo. Portanto e leva em consideração obrigatoriamente a posição social que este indivíduo ocupa. Os homens, a não ser que sejam maus e portanto, desejem voluntariamente o mal como mostra Kierkegaard, buscam na enorme maioria dos casos a virtude. Portanto, o que é ser virtuoso?
Ora, ser virtuoso segundo a tradição grega é ser virtuoso em função dos bens de eficácia ou em função dos bens de excelência. Nos foquemos no segundo, pois o primeiro pertence apenas a esfera da ação política e militar (stratégos).
Ser virtuoso é ser bom, ser bom é ser agathós e ser virtuoso é ter areté. Areté e agathós são equivalentes, mas o que caracteriza a virtude na busca pelos bens de excelência? É aquilo que Aristóteles se referia na busca pela excelência como ser bom naquilo que é o seu telos. A função do juiz é julgar, e a do bom juiz é julgar bem. Ora, o que o juiz busca, por exemplo, é a justiça, a diké.
Alasdair MacIntyre aponta que o individualismo liberal considerando o indivíduo abstraído de sua posição social (e me refiro nisso não a uma posição econômica, mas sim a uma posição que sujeito ocupa no demos considerando o que ele espera dos outros e o que os outros esperam dele.) leva a dissolução dos laços sociais. Os indivíduos só podem existir em função de suas posições como pais, mães, trabalhadores, membros do clero, religiosos, professores, etc. Qualquer ideologia presente na sociedade que ignore estes dados socialmente existentes e construídos ao longo do tempo e das tradições, não passa de um cancro no tecido social.

A alternativa comunitarista é justamente aquela que enfatiza a preservação dos laços sociais e que valoriza o indivíduo inserido numa posição social. A perspectiva comunitarista entende o homem não como um ser absolutamente livre para rejeitar tudo o que existe e criar tudo do zero, mas sim como o homem que é um pai de família e tem que se nortear nisso, ser um bom pai de família, seu telos; ou ainda o homem que é um padre, pastor ou rabino, que deve procurar ser um bom padre, pastor ou rabino. O comunitaristas entendem o homem inserido numa sociedade dotada de um atmosfera cheia de valores e juízos de valor que nasceram muito antes do indivíduo, por isso, eles, como conservadores dentro da perspectiva Democrata Cristã, proclamam que não é benéfico que o indivíduo questione tudo aquilo que lhe precede e ele recebe como herança, pois nunca se tem algo concreto para se colocr no lugar e sim uma abstração que ignora parte significativa da realidade. A busca do bem, a excelência na função social, fato concreto e já existente da realidade é o que marca essa perspectiva ao invés de uma construção mental de um ideal de justiça. Disso se conclui a supremacia do bem sobre o justo que caracterizou a rejeição ao individualismo liberal de berço kantiano (sugiro este excelente texto linkado para melhor entendimento).

Se você, assim como eu, não acredita mais na sociedade devastada em que vivemos, apresento-lhes os seu rival: o individualismo. E também um filete de esperança: O comunitarismo.

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