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domingo, 14 de agosto de 2016

Sobre a laicidade do Estado: Entre o céu e o inferno, entre Marcos e Scar.


Na continuidade de um desnecessário debate envolvendo a hipótese que levantei do estado confessional católico e que gerou uma desproporcional polêmica (envolveu postagens dos ilustres Octavio Henrique, o apolítico mais politizado da existência, Roger Roberto a quem citei apenas a título de exemplo, já que debatemos em outras oportunidades e o pavio de toda essa situação extremamente improfícua, o sr Luciano Ayan, o analista político). O meu amigo de Minuto Produtivo Marcos Aurélio Lannes, a quem eu tenho na mais alta conta, escreveu uma réplica muito sábia, até para desvincular minhas opiniões das opiniões institucionais do site. Peço inclusive a ele, que faça um link para essa resposta na sua postagem, como uma "mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa" por fazer o site parecer algo que ele não é.

Marcos em seu artigo não percebe, mas o ideal de Estado Laico dele é similar ao de Jacques Maritain no livro "Humanismo Integral", em que o aparelho burocrático do Estado é controlado por pessoas desligadas do clero, em outras palavras, leigos, mas que por meio das leis favorecem o cristianismo. O Estado leigo de Maritain é um estado confessional disfarçado, eu, porém, discordo de Maritain e fico com Christopher A. Ferrara, autor dos magníficos "The Church and the libertarian" onde desmonta o "libertarianismo católico", cujas figuras mais emblemáticas são Thomas Woods Jr e Pe. Sirico; e "Liberty, the God that failed", um ataque tradicional católico ao liberalismo e também ao libertarianismo, cuja parte em que fala do Estado laico usei como fundamente para o texto que gerou todo esse quiproquó.

Minha discordância de Maritain é apenas na esfera ideal, isto é, numa hipótese do "mundo das ideias" platônico, numa conjecturação abstrata da Politeia, só que na forma que Santo Agostinho construiu em sua Cidade de Deus. Na realpolitk eu mesmo, caso fosse participar da "guerra política", buscaria o alvo mais tangível que é esse falso estado laico de Maritain. Algo que tanto Octavio e Ayan não entenderam, e que é determinante, é que eu não sou um player da luta política e o que EU FALO diz respeito a MIM MESMO e, no máximo, aos meus leitores. Não sendo, portanto, um personagem da luta política como é o sr. Ayan, não tenho qualquer obrigação de buscar objetivos pragmáticos.

Voltando ao meu caríssimo amigo Marcos, é evidente que ele tem razão, exceto por um ponto. Minha preferência por um Estado confessional, não segue o molde argentino e é uma forma muito sui generis, que tanto o meu grande amigo Renato Siqueira, os meus amigos Maurício Ribeiro e Leonardo Oliveira, quanto ainda o liberal de esquerda Vinicius Littig, com quem discuti outro dia sobre isso, podem constatar.

A minha proposta para quem ACOMPANHA o que posto não só no Minuto Produtivo ou aqui, mas também no meu perfil, é um Estado que mantenha a tripartição dos poderes, contudo, tendo apenas o executivo e o legislativo como laicos, o poder judiciário TODO seria um poder confessional cujos ministros da suprema côrte seriam indicados diretamente pelo sumo pontífice. Ora, mas isso é uma coisa intangível, diriam os "magos" do realpolitik. Sim! São abstrações. Mas como disse acima, eu não sou um player político.

Mesmo leis cristãs (ainda que o Estado não o seja oficialmente), como o caso da Hungria não são o bastante. A Lei Fundamental alemã, doravante constituição, é de derramar lágrimas em qualquer católico. Lê-la é ler um documento profundamente cristão e democrático. Contudo, a Alemanha é um dos países mais secularizados da Europa Ocidental. Contudo, não pode haver por muito tempo um povo cristão sobrevivendo ao lado de um Estado anti-cristão secularista, e por que? Simples, há um compromisso mútuo entre o Estado e o povo, cabe ao povo zelar pela confessionalidade do Estado e cabe ao Estado zelar pela confessionalidade do povo, isto está claro na Doutrina Social. Como o Estado, influenciado por liberais e socialistas dá espaço para o direito de alguém propor uma sociedade política não-cristã, então, ele dá espaço para que grupos possam procurar aquilo que é anticristão. A constituição alemã é precisamente este caso em que o Estado pode ser governado por pessoas que não lêem a constituição com os olhos cristãos que é necessário.

De resto, concordo com meu amigo Marcos, é importante termos instâncias médias cristianizadas para que se surta efeito qualquer pretensão, e temos um forte laicato católico atuando nesse sentido com pretensões políticas bastante claras e abertas ao contrário deste que aqui escreve.

Indo agora em direção Roger Roberto, disseram-me que ele escreveu um texto sem mencionar meu nome todo em respeito a minha autoproclamada insignificância, agradeço-o muito por isso e sinceramente, sem demagogia, e nesse sentido ele é muito superior ao sr. Ayan. A mesma pessoa que pediu a omissão do nome por me trazer  à ciência esse texto, disse que ele acusou-me de teocrata e de fazer o jogo da esquerda, disse ainda que minhas ações maculam a direita como um todo e atrapalham os planos dele, ou algo dessa sorte. E não, não faço name-dropping como o mesmo sugeriu. Falo assim pois não li o tal texto, apenas o que me foi resumido do mesmo pelo meu "abiguinho". 

Bem, eu não falo por ninguém a não ser eu mesmo e, como já disse, escrevo por hobby, não porque queira algo politicamente ou profissionalmente como desejam os demais. Se quisesse, teria aceitado ser escritor da muito visualizada The Distributist Review, de quem recebi convite. 



Se ele acha que eu os prejudico, bem, peço gentilmente que sempre que me usarem como exemplo de "mau direitista caricatural" em argumentações, que mostrem esse meu texto pra eles.

EU NÃO TENHO NENHUMA RELAÇÃO COM QUALQUER UM DELES, NÃO PRETENDO TER, E PREFERIRIA SER ESPANCADO POR COMUNISTAS A PEDIR QUALQUER AJUDA OU MESMO TROCAR MEIA DUZIA DE PALAVRAS COM QUALQUER UM DELES. EU FALO POR MIM, QUEM FALA PELA DIREITA SÃO ELES.

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