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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Equidade e recessão - A excessiva desigualdade é sim, ruim.


Muitas vezes vejo os amigos de direita que ao invés de aderir a uma forma distributista de economia como por exemplo o distributismo mesmo ou a Economia Social de Mercado, aderem ao liberalismo radical dizerem: "O problema não é a desigualdade, e sim a pobreza!". É verdade, mas apenas em parte. Isto é, a desigualdade causa sim problemas. Quando o montante da renda nacional está majoritariamente acumulada nas mãos de um pequeno grupo detêm o capital e aqueles que dependem dos salários ficam com uma porção consideravelmente menor, você tem problemas com a demanda agregada.

Isto é, o empregado tem poder de compra reduzido em face do poder de produzir do "capitalista", o resultado é que nem tudo é vendido e, com o declínio de preços subsequente, o custo de oportunidade para produzir medido por uma grandeza chamada eficiência marginal do capital se torna desfavorável, levando a paralização da atividade produtiva e ao corte de gastos pra esquilibrar orçamentos. Tais cortes de gastos advém das demissões, o que, na ausência de salários cria maior ausência de consumo e, logo, piora a recessão.

Isto assim é, pois como já demonstrado por keynesianos, distributistas como John Médaille e até mesmo alguns ordoliberais como Wilhelm Röpke, a lei de Say é só parcialmente válida. Isto é, ela é criada pelas instituições e sua validade depende das mesmas. No coração da lei de Say existe a teoria incerta e muito provavelmente falsa da taxa natural de juros, que pela sua própria condição de incognoscibilidade faz com que, na verdade, as taxas de juros sejam valores quase arbitrários como já dizia Delfim Netto.

A economia capitalista apresenta tais problemas com recessões e depressões causadas por insuficiência de demanda, não (apenas e nem em todos os casos) por ação estatal always and always como pregam os austríacos, mas sim pelo seu problema fundamental diagnostificado por Chesterton: "Muito capitalismo não significa muitos capitalistas, mas muito poucos". Isto é, o capitalismo é baseado numa plutocracia da qual a maior parte da sociedade está destituída de qualquer capital, ao passo que poucos tem capital. Esta distinção faz com que a desigualdade natural do processo econômico na qual o capital recebe o seu pagamento mais o seu excedente como recompensa por poupar, se torne uma transferência brutal de recursos que poderiam ser parte do consumo do trabalhador. Para entender como isso ocorre, veja a teoria ropekana dos ciclos econômicos neste link.

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