1.
Introdução
Quando o
Arthur Rizzi me convidou para escrever nesse espaço – o que me dá enorme honra
e satisfação –, pensei em diversos temas que poderiam interessar ao leitor, ou
pelo menos interessar a mim (se algo me agrada seguramente terá maior chance de
agradar aos outros, pois se tratará de algo pessoal para mim).
Há bastante
tempo venho refletindo sobre a questão da Educação em nosso país (com “e”
maiúsculo mesmo, no sentido de ensino) e por isso resolvi tecer para esse
artigo inicial, alguns comentários sobre o assunto. Muito se tornou chavão
no país, em qualquer situação em que se confronta a possibilidade do
endurecimento de projetos de enrijecimento de pena tramitando perante o
Congresso Nacional – caso do menino João Hélio, redução da maioridade penal,
etc. –, ou simplesmente a abolição de determinada conduta – como o porte de
entorpecentes para uso pessoal –, argumentar-se que prisão não é a solução, que
a solução é a educação.
Supostamente
pela pessoa ser “educada” (seja lá, o que for isso), ela supostamente se
tornará menos violenta e mais tolerante (talvez inclusive menos pobre de
recursos, se for se considerar haver uma relação entre pobreza e
violência). Essa frase se tornou tão clichê e tão utilizada pelos mesmos
grupos sociais de sempre, que impossível não indagarmos se ao menos é lhe dado
uma reflexão mínima sobre seu significado e alcance. Autoridades como o
próprio Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, recentemente se manifestaram
igualmente nesse sentido, de que a redução não resolve o problema, pois os
presídios estão tomados por facções criminosas e quem é preso, saí pior do que
entrou, pois tem que se aliar àquelas.
Seguramente,
nos treze anos do atual grupo no poder, as o estado de insegurança não
melhorou, só piorou. Houve explosão absurda do crime no país, de norte a sul,
leste a oeste, nos últimos dez a quinze anos (o que inclui a segunda metade do
Governo FHC, com um segundo mandato dentro de uma perspectiva
recessiva). O que me levar a crer, se houve redistribuição, ou aumento de renda
(e se houve foi muito parcial e baseado no consumo e não em mudanças
estruturais), houve ao mesmo tempo uma total perda de valores por
parte da sociedade.
E isso não
tem nada a ver com o cidadão ter recursos financeiros, ou não, ser classe
média, classe alta, ou classe baixa. Isso tem a ver com a educação recebida em
casa (não ensino, que é algo que se recebe na escola) dos pais, da sociedade
que o cerca. Drogas pesadas que não eram consumidas em diversas regiões,
como o norte e nordeste, tal como a cocaína e o crack, passaram a ser
consumidas e traficadas (quando em passado recente, no máximo era consumido a
maconha entre a juventude local, sem a presença de quadrilhas profissionais de
traficantes). Esse fator seguramente ajudou na destruição de nossa juventude,
vítima da enorme violência que assola o país.
Talvez essa
trajetória de violência na sociedade brasileira – que sempre foi pobre, mas
talvez não tão desigual e miserável – decorra do fim do Regime Militar, do
final da década de 70/começo da década de 80 – a chamada década perdida –,
quando houve a tomada das comunidades carentes pelo tráfico e pelas drogas (o
que veio a ser retratado na recente obra-prima do cinema brasileiro, Cidade de
Deus). Diversos estudos parecem coadunar com esse sentido. Numa sociedade
tão mergulhada em crimes violentos como o Brasil, onde pessoas são mortas em
assaltos, a despeito, de entregarem seus pertences a seus
assaltantes e, a despeito, de não reagirem (o que vai de
encontro ao que se sempre aprendemos de nossos pais e familiares – “nunca
reagir num assalto, pois bens podem ser substituídos, a vida não”), cabe a
indagação: será que o que faltou para aquele menino que lhe assaltou no farol, e
que em outra oportunidade já havia cometido latrocínio (roubo seguido de
morte), acesso a uma escola que lhe ensinasse a tabela periódica completa, com
todos os elementos químicos?
Será que o
problema dos menores de idade que tristemente arrastaram o menino João Hélio
por quilômetros do lado de fora do carro dos seus pais, foi porque eles não
estudaram o Período da Regência na escola? Ou ainda, será, que a razão do
então menor Champinha ter esquartejado o casal Liana Friendebach e Felipe
Caffé, quando esses faziam um piquenique no campo, foi por não ter corretamente
compreendido as leis da Física propostas por Sir Isaac Newton? E, por fim,
se como diz o jargão, “a solução é a educação”, porque então a jovem Suzane Von
Richthofen – jovem de ascendência alemã, claramente educada, de
família com bases sólidas, pais casados, com bons empregos e estabilidade,
ex-aluna de um dos colégios mais tradicionais do país, o Colégio Visconde do
Porto Seguro, e estudante do primeiro ano do curso de Direito de uma das
Faculdades de Direito mais respeitadas do país, a Faculdade de Direito da
Pontifícia Universidade de Católica de São Paulo (PUC/SP) –, coordenou com
seus namorados o assassinato de seus pais a sangue frio (por coincidência a
mesma universidade e curso, que este autor frequentou, em período temporal
bastante próximo com a agora ex-estudante condenada pela Justiça).
Podemos
concluir pelos exemplos supracitados, que não obstante poder haver elementos
individuais de cada criminoso nesses casos, como psicopatia, sociopatia dentre
outras perturbações neurológicas ou psicológicas, uma fato faz-se necessário
reconhecer: as causas da violência não se resumem a educação e podem se
bifurcar em tantos caminhos quanto possíveis de se conceber.
Porém, mais
do que a violência de agressão per se, muito se percebe na atual
sociedade brasileira, a agressão verbal, tendência a caluniar, difamar e
simplesmente injuriar o outro. Talvez esse seja fenômeno mundial, trazido com o
advento da internet e maior acesso a redes sociais. No entanto seguramente se
não transforma as pessoas, tende a demonstrar o que elas são. Nesse sentido,
como observou o sociólogo espanhol, Manuel Castells, o Brasil sempre foi
uma sociedade violenta[1],
o oposto do chamado “homem cordial”, figura retratada pelo historiador Sérgio
Buarque de Hollanda, em sua obra mais conhecida, Raízes do Brasil. Sérgio
Buarque, como se sabe, é pai do compositor Chico Buarque, que clama ter sido
vítima de intolerância e hostilidade por parte de jovens de classe média, que
lhe hostilizaram na saída de um restaurante no bairro do Leblon, no Rio.
Logo, percebe-se, pelos exemplos supracitados,
levando em consideração que a educação passa pela tolerância e pelo respeito a
quem pensa diferente (além de uma certa sutileza e discrição na forma de expor
uma opinião – “chique é ser discreto”, como diria a estilista Glória Khalil),
que mais do que se afirmar de forma genérica que a solução é a educação, é
indagar que tipo de educação grupos que tanto afirmam
que a solução de tudo é a educação, defendem. Ademais, cabe indagar se o atual
modelo de educação atualmente existente no país forma cidadãos melhores,
independente de sua origem, etnia, ou condição social. No mais, cabem algumas indagações, será que o que se espera que se ensinem na escola, não deveria ser
ensinado em casa? Será que não há uma confusão entre valores e educação?
Ou será que educação, não está sendo utilizada no sentido lato,
quando deveria ser no sentido strictu (no sentido, de
instrução/ensino)? Afinal, que tipo de educação queremos? E, afinal, não há
diversos sentidos para a palavra “educação” (do latim educare, educere,
que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”)[2]?
Se a educação representa no sentido de
ensino/instrução, que é a educação que se obtém nas escolas e nas
universidades, esta seguramente fracassou. Basta perceber os altíssimos
índices de analfabetismo funcional entre jovens adultos, inclusive muitos que frequentaram
escolas e faculdades; péssimas posições de estudantes brasileiros em rankings
internacionais; pouca valorização da produção científica produzida no Brasil
(chamada por alguns da comunidade acadêmica internacional, por trás dos
bastidores, de “lixo científico”); pouco domínio de estudantes brasileiros em
idiomas estrangeiros (aliás, pouco domínio do próprio português por muitos –
sou da teoria de quem não consegue dominar as regras de seu próprio idioma, não
consegue dominar idiomas estrangeiros); baixa premiação de cientistas
brasileiros pelo mundo (recordando que nenhum brasileiro jamais ganhou o Nobel
e os que ganharam premiações importantes, como a Medalha Fields de Matemática,
normalmente construíram sua carreira acadêmica no exterior, ou com o auxílio de
entidades estrangeiras – o matemático Artur Ávila, por exemplo, primeiro
ganhador daquele prêmio, é financiado pelo CNRS – Centro Nacional de
Pesquisa Científica –, órgão de pesquisa do governo francês)[3].
Não é o objetivo desse artigo tratar das
dificuldades e problemas do sistema educacional brasileiro, nem buscar as
razões de ser um sistema claramente ineficaz na busca de resultados. Referido
tema poderá vir a ser trabalhado em futuros trabalhos. O objetivo do
presente trabalho é tratarmos de que tipo de educação queremos como sociedade,
ou que tipo de educação alguns setores da sociedade desejam.
2. A Educação Como Instrumento de Doutrinação - Perspectivas Históricas
Em tempos de debate histérico e histriônico,
como o atual presente em nossa sociedade, especialmente com o fluxo contínuo de
informações fáceis, mastigáveis, e o alcance de redes sociais e da internet,
tornou-se lugar fazer-se comparação de tudo com o Nazi-Fascismo. Essas duas
ideologias simbióticas (nazismo e fascismo) são utilizadas como lugares comuns
diariamente para tentar desqualificar adversários e defender um ponto, sem
qualquer consideração com as vítimas daqueles regimes.
São inclusive utilizadas de forma
absolutamente nonsense e repetitiva por gente que se crê como
extremamente educada – e que se imaginaria que teriam alguma idéia mais
original e menos repetitiva sobre algo (isso igualmente se aplica para os que creem que tudo seja sinônimo de comunismo).
Se o Congresso Nacional toma alguma medida
endurecendo penas, como no caso da emenda constitucional prevendo a redução da
maioridade penal em caso de crimes hediondos, tal medida é “nazista” (apesar de
que durante o período do Nacional-Socialismo, nem parlamento, ou
multipartidarismo havia, e de que diversos países no mundo, considerados
“desenvolvidos”, adotam idade penal abaixo dos dezoito anos); se políticos do
Partido dos Trabalhadores sofrem críticas na rua, trata-se da mesma tática de
perseguição que os nazistas fizeram aos judeus (mais uma vez, uma declaração
extremamente ofensiva com as vítimas daquele regime, que foram fuziladas a
sangue frio e mandadas para campos de extermínio – declaração que inclusive
mereceu uma nota pública de repulsa por parte da Federação Israelita
de São Paulo e outras entidades judaicas de caráter nacional); se alguém
considera a lei municipal de São Paulo que proíbe a prática de foie
gras – a produção de fígado de ganso, iguaria bastante comum na França
– inconstitucional, pelo município de São Paulo não ter competência
constitucional para regular a produção de alimento – o que realmente não tem –,
trata-se de alguém que aceita crueldade contra animais, na proporção da
praticada pelo nazismo (detalhe: a Alemanha Nazista foi o primeiro país do
mundo, já em 1933, primeiro ano daquele regime, a abolir a prática de foie
gras por razões justamente éticas e humanitárias em prol dos
animais – quem conhece o mínimo de história sobre o
Nacional-Socialismo, sabe que os nazistas eram racistas, supremacistas em
relação a determinadas etnias e nacionalistas, porém extremamente ecologistas e
adeptos da proteção aos animais – a maior parte dos líderes nazistas tinham
inclusive diversos animais de estimação).
Bom, vamos pegar esse último exemplo para
tratar do tão falado e diariamente citado Partido Nacional-Socialista dos
Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei) e
a questão da educação – interessante observar que os membros daquela ideologia
genocida jamais referiram-se a si próprios como “nazistas”, um apelido
derrogatório dado por países aliados (EUA, Inglaterra e França), e sim como
Nacionais-Socialistas, o que demonstra o caráter coletivista desde sempre
daquela ideologia.
Para os que dizem que a educação é a solução de
tudo, importante relembrar que os nazistas, e os fascistas na Itália, em menor
grau – Mussolini foi jornalista e posteriormente editor de seu próprio jornal,
além de ser fluente em alemão –, eram extremamente educados.
Educados e cultos, diga-se de passagem, com
gosto refinado por vinhos, literatura, música e obras de arte – Adolf Hitler,
um leitor voraz a vida inteira, com profundo interesse pelo oculto e por temas
folclóricos e mitológicos (daí seu distorcido nacionalismo), era fascinado pelo
até hoje bastante renomado compositor alemão, Richard Wagner. Joseph Goebbels,
seu Ministro da Propaganda, e a figura mais importante no controle das artes e
da cultura dentro do Governo Nacional-Socialista, era Doutor (PhD) em
Literatura. Enfim, os exemplos são múltiplos de nazistas mais, ou menos
conhecidos, com enorme acesso a "educação", no sentido formal.
Não só os principais membros do partido eram
extremamente educados (educação no sentido de instrução, de títulos
acadêmicos), como todas essas doutrinas totalitárias (nazismo, fascismo,
franquismo, comunismo, stalinismo – uma variação ainda mais perversa do
comunismo) eram extremamente adeptos de educar (leia-se,
doutrinar) os filhos de seus cidadãos, em especial descontentes com aqueles
regimes. Adolf Hitler costumava dizer aos seus oponentes, que “vocês estão
contra mim, mas seus filhos estarão do meu lado” e durante todo seu governo
fortemente incentivou a doutrinação de jovens austríacos e alemães através da
chamada Juventude Hitlerista (Hitlerjungen), muitas vezes
incentivando-os a denunciar seus pais por atividades subversivas.
Porém, não pensem que essa prática de
doutrinação trata-se apenas de uma prática “de direita” (se for considerar o
Nacional-Socialismo uma ideologia “de direita” – no máximo, com bastante
controvérsias, uma doutrina de extrema-direita, sendo esta a direita
militarista, não a direita liberal).
A prática de doutrinação, através da educação,
foi especialmente forte em todos os regimes comunistas até
hoje existentes, sem exceções. Da União Soviética de Lenin e
Stalin, à Cambodia de Pol Pot e seu sanguinário Khmer Rouge (adepto de mandar
cambodianos para comunas reeducadoras coletivas no campo), à Cuba dos irmãos
Castro, à Venezuela de Hugo Chavez, à atual Coréia do Norte de Kim Il-Sung e
seus filhos, aos diversos regimes satélites de países da Europa Oriental
pré-queda do Muro de Berlim, à China de Mao Tse-Tung, todos esses regimes
fortemente “educavam” (leia-se doutrinavam e perseguiam) suas
populações.
A China de Mao Tse-Tung é outro regime que merece um capítulo à parte. Quando Mao assumiu o poder em 1949, encontrou um país rural, miserável e com traços feudais, após longa guerra contra os japoneses que ocuparam parte de seu território por décadas (em particular, a região da Manchuria), e, posteriormente a sua expulsão, após guerra civil entre os nacionalistas, comandados por Chiang Kai-Shek, e os comunistas, comandados pelo próprio Mao e outros membros de seu partido, como Zhou Enlai, outra figura importante dentro do Partido Comunista.
A China de Mao Tse-Tung é outro regime que merece um capítulo à parte. Quando Mao assumiu o poder em 1949, encontrou um país rural, miserável e com traços feudais, após longa guerra contra os japoneses que ocuparam parte de seu território por décadas (em particular, a região da Manchuria), e, posteriormente a sua expulsão, após guerra civil entre os nacionalistas, comandados por Chiang Kai-Shek, e os comunistas, comandados pelo próprio Mao e outros membros de seu partido, como Zhou Enlai, outra figura importante dentro do Partido Comunista.
Mao, que era um brilhante estrategista militar
– a guerrilha maoísta, estrangulamento gradual das cidades por grupos
guerrilheiros no campo, ainda é bastante utilizada por grupos
comunistas/subversivos ao redor do mundo –, no entanto, aparentemente tinha
zero noção de economia quando pôs seu ambicioso plano de produção de alimentos,
o Grande Salto Para Frente, nas décadas de 50/60. Não só o plano, que requeria
enorme contingente de pessoas trabalhando no campo de forma industrial sem
levar em considerações as técnicas milenares de produção de alimentos na China,
deu miseravelmente errado, como causou fome generalizada naquele continente,
queda acentuada na produção de alimentos, milhões de mortes, e, em casos
extremos, canibalismo em algumas comunidades rurais.
Prestes a ser afastado do poder por seu
partido, devido ao fracasso de seu plano, Mao, através de sua última esposa,
Jiang Qing, e de outros aliados (grupo que ficou conhecido como a Gangue dos
Quatro), lançou mão da chamada “Revolução Cultural” para expurgar “inimigos” do
partido e da revolução.
Dezenas de milhares de pessoas ao redor da
China foram perseguidas por suas idéias, professores humilhados, intelectuais
mandados para campos de reeducação e pessoas sendo perseguidas simplesmente por
usarem instrumentos considerados “burgueses” e “ocidentais”, como óculos de
leitura. Esse período macabro da História da China durou por volta de 1966
até 1976, quando da morte do Mao e o afastamento de todos os cargos dos membros
da Gangue dos Quatro e sua posterior prisão. Estes devotos seguidores do
Camarada Mao acabaram servindo como bode expiatório, e foram culpados perante o
Partido Comunista Chinês por todos os “desvios” e “excessos” ocorridos durante
a Revolução Cultural (Mao teve sua imagem preservada).
Por último, faz-se interessante observar, que
todos os chineses residentes na China Continental eram obrigados a comprar o
Livro Vermelho com citações e ensinamentos do Professor Mao – o que o levou a
receber royalties por cada cidadão chinês que comprasse seu livro, tornando-se
provavelmente o homem mais rico da China em sua época, país, na ocasião, com a
população bastante miserável.
Esse episódio, feito por gente bastante educada
– Mao, relembrando era reitor de escola primária/secundária antes da tomada do
poder; sua última esposa, Jiang Qing, uma atriz conhecida na China –,
demonstra que se educação é a solução, cabe a qualquer sociedade com cerca de
preocupação qual tipo de modelo de educação será o proposto.
Acima de tudo, poder-se-ia ainda indagar se educação se aprende na escola, ou
no seio do convívio familiar. Fazendo um salto para o presente, podemos perceber muitas
vezes por pessoas supostamente com responsabilidade institucional, como
deputados e senadores, uma preocupação com o tipo de educação que é ensinada
nas escolas, e se isso não poderia constituir forma de doutrinação.
No presente, por exemplo, se para deputados
evangélicos há verdadeira obsessão com a questão de gênero nas escolas, para o
polêmico deputado Jean Wyllis, do PSol-RJ – partido supostamente independente,
mas que sempre apoia o PT no segundo turno –, o problema da Educação no país é
outro.
Em recente lançamento de livro e debate com
líderes evangélicos moderados, o deputado psolista ressaltou que apesar de
supostos avanços durante os doze
anos do atual grupo no poder no
governo federal, nos últimos anos, houve inclusão da população pelo consumo,
não pela educação (razão de supostamente haver rejeição de parcela da população
mais humilde àquele partido e demais partidos que se declaram de “esquerda” –
uma visão, poder-se-ia dizer, arrogante e pretensiosa da realidade – além de
no mínimo paternalista)[4].
3. Conclusão
Em suma,
como muitos também concordo que falar que a solução de tudo é a educação é o
maior chavão. Educação quando? Em 2050? 2100? E qual educação? Educação para
formar jovens com consciência cidadã e cívica? Educação libertária, cívica, técnica,
cidadã, espiritual, ou meramente doutrinária?
Também acredito em
uma educação que não prepare apenas para o mercado do trabalho, mas uma
educação que ensine valores éticos, familiares e comunitários. Que ensine o
conceito de cidadania, com seus direitos e deveres. Uma educação que faça o
jovem aprender a pensar, a refletir e a chegar a suas próprias conclusões, de
forma respeitosa para com os outros e com fundamentos. Há de haver o
envolvimento de todos para chegar nesta educação, do governo, da família, da
sociedade e do professor (conforme inclusive está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sendo a educação um dever de
TODOS), do
contrário continuaremos com esses dados alarmantes, sempre sendo chocados pelo
próximo crime violento que aparece na mídia.
Se for esse
último caso, acredito ser melhor não ter educação nenhuma. A sociedade
estará em melhor situação.
4. Sites Consultados (parcial)
[1] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/219703-a-imagem-mitica-do-brasileiro-simpatico-existe-so-no-samba.shtml
[4] http://www.quadradodosloucos.com.br/3622/jean-wyllys-os-tabus-e-as-contradicoes-da-questao-evangelica/
Parabéns pela descrição, percurso, pesquisa e apartes... Excelente texto, fluido e fácil de ler! Abraço
ResponderExcluirManuel Matos, obrigado! Apenas agora vi sua mensagem...
ExcluirParabéns pela descrição, percurso, pesquisa e apartes... Excelente texto, fluido e fácil de ler! Abraço
ResponderExcluirParabéns pelo tema, mas eu confesso que esperava um pouco mais de exemplos na prática. Como o vídeo da Prager University chamado "Why Do People Become Islamic Extremists?", onde se mostra que pobreza e falta de educação não causam o terrorismo.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=-IchGuL501U
Do contrário, a maior parte dos terroristas são de classe média e são universitários, ou ainda, conhecem e aprendem o terrorismo nas próprias universidades.
Enfim, bom artigo!
Zero, the MAV Hunter/Igor Contarini.
Recomendo que você assista um filme chamado "Por Trás de 11 de Setembro" (Hamburg Cell), que mostra justamente isso...
ExcluirOs principais perpetuadores de 11 de setembro eram jovens de famílias de origem muçulmana de classe média alta, muitos que foram criados em lares agnósticos, que estavam como estudantes de pós-graduação em universidades na Alemanha...