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domingo, 14 de agosto de 2016

Luciano Ayan, furioso, tenta me contradizer infrutiferamente - Texto final.

Luciano Ayan escreveu um "textão" em réplica e, surpreendentemente se contradiz ao dizer que entendeu o espírito da minha resposta e na sequência fazer uma resposta de quem refuta uma antítese.

"Sem entender nada (e sem anotar a placa do caminhão), Rizzi deu uma resposta risível no texto “Quem é Arthur Rizzi na fila do pão – Uma resposta a Luciano Ayan”. Minto: não foi bem uma “resposta”, mas, digamos, um desabafo usando a tradicional tática do Chapolin Colorado (“nem doeu, nem doeu”). "
Usando aquilo que ensina bem, ele se utiliza dos frames e das rotulações que ensina contra um cara - vulgo eu - que não é um player político. Por alguma razão que é difícil de entender, Ayan tenta disfarçar com sua tradicional autoprojeção de superioridade, a sua frustração por ver que é justamente pelas MESMAS razões que ele diz que devemos lutar a "guerra política" que eu simplesmente me recuso a participar dela. Eis a razão de porquê eu disse ao levar a ele meu texto (informá-lo de minha resposta, algo que ele mesmo não teve coragem de fazer pessoalmente), que não era uma réplica (isto é, um texto que visa anular ou contraditar as premissas do adversário) e sim uma resposta. Minha resposta teve um carácter todo pessoal, explicando porque razões não aderi e não vou aderir a guerra política. Isso prova que ele de fato me julgou mal, muito mal. Tomou-me por algo que não sou. Se ele tivesse tentado rebater o meu amigo Conde, provavelmente teria tido mais sucesso, pois ao que me parece, o Conde é alguém que tem pretensões um pouco parecidas com a dele.




 Como podemos perceber no texto de Ayan, ele entendeu bem o espírito de desabafo do que escrevi, mas na sequência decide tratar o texto como se fosse uma espécie de tentativa de debate. Ayan elenca bem os pontos que levantou:



  1. Há um grupo de religiosos de direita (não representam todos os religiosos) que aparece em público criticando o Estado Laico.
  2. No meio deste grupo, a maioria não pede o retorno a uma época em que o estado não era laico. Mas uma pequena parte faz essa requisição formalmente.
  3. Este perfil negacionista de direita notadamente costuma rejeitar a guerra política.
  4. Uma simples análise de padrões mostra que a requisição pelo fim do estado laico se correlaciona com a rejeição da guerra política.
Ele disse que não rebati nenhum dos pontos, para provar que ele disse isso, capturo aqui a própria citação dele abaixo:

"Rizzi cita vários autores, mas nenhum deles traz refutações como as que apontei acima."
Sim, não trazem pelas simples razões. Não discordo dos pontos levantados, ao contrário concordo com todos, e ao invés de vê-los como defeitos, vejo-os como virtudes, eis a razão pelas quais não participo da guerra política. É justamente pelas mesmas razões que Ayan "luta" que eu me recuso a "lutar". Todos os quatro pontos são precisos, cirúrgicos, e por essa razão mesma ele fica louco de raiva ao constatar que sou uma antítese dele.

Resumindo, não escrevi o que escrevi para rebatê-lo, refutá-lo ou qualquer coisa do gênero, mas justamente pra concordar com ele! 

"O livro de Maritain, aliás, é um livro negacionista, mas nem de longe toca nos aspectos do meu texto."
Sim, porque não pretendi refutar nada. Não poderia ser mais claro e cristalino.
"Qual é contra-argumento dele aqui? Nenhum. Será que ele ainda não entendeu que em uma refutação é preciso desafiar a tese do oponente e não endossá-la?" 
 Eis aqui outra demonstração do que disse acima, ele simplesmente parece não aceitar (embora compreenda) que eu simplesmente me furte ao combate pela mesmíssima razão que ele se dispôs a combater. Não poderia ser mais revelador sobre a personalidade dele, o próprio Octavio Henrique, admirador de carteirinha de Ayan, disse que eu o havia enfurecido, fiquei cético sobre essa hipótese até que recebi o link da resposta no site por terceiros.



Fingindo que não entendeu a que eu me referia quando disse que "não fazia parte de patotas", Ayan decide citar Aristóteles:

"Está maluco. Qualquer evento do mundo pode ser classificado em grupos. Pedras, automóveis, pessoas, animais, comportamentos, roupas, etc. Qualquer coisa pode ser classificada em “grupos”. Isso é método científico básico, que dá para ensinar até para crianças. Nós não perguntamos para um calango se ele faz parte dos répteis. Para fins de estudo, os classificamos e vamos em frente."
Quando disse que não integro patota, quis dizer que não faço parte de grupos politicamente organizados, com alvos políticos tangíveis, cujo alcance depende da colaboração pragmática com vários outros grupos com quem se estabelece parcerias para conquista de pontos e postos pragmáticos dentro de uma macro-estratégia geral própria, embora isso não signifique endossar plenamente o programa dos outros grupos. Posso exemplificar isso, por exemplo, na parceria que MBL fez com o PSDB. Tucanos e Liberais discordam em alguns pontos, mas como têm um objetivo em comum unem-se nos pontos em que têm em comum, embora na sua macro-estratégia geral divirjam em pontos que julgam importantíssimos. É o caso de Ayan, Roger, Octavio, membros do MBL, enfim.

Ignorando isso propositalmente, ele decide fazer uma classificação lato sensu de grupos em que se podem agrupar todos os seres humanos da terra em moldes aristotélicos tais quais o estagirita muito bem resume no livro I e livro V da Metafísica e também nos escritos sobre filosofia natural. Nesse sentido, é claro, todo mundo pode ser agrupado em qualquer grupo. Obviamente existem pessoas que negam a laicidade do Estado, e se eu nego, logo faço parte desse grupo. Só que aí entra a picaretagem - sim aqui temos um rótulo como Ayan gosta de dizer - ele fingindo que não entendeu o que quis dizer, coloca-me na "grande conspiração olavette" contra a política, não importando se eu tenho ou não algo em comum, ou objetivos políticos traçados em comum com grupos que de uma forma ou de outra ambicionam o mesmo. 

Existe uma clara diferença entre um acordo entre MBL e PSDB em prol de uma reforma econômica e em favor do impeachment de Dilma Rousseff, ainda que tenham vários outros pontos em discordância, e o desejo por reforma econômica do cidadãozinho que reclama na barbearia que os impostos são altos, ou que a inflação está alta. Obviamente, os supracitados grupos pretendem agir juntos para instrumentalizar o cidadãozinho sem ligações políticas em seu próprio favor, eis aqui a guerra política. Embora o exemplo mesmo ilustre que o cidadãozinho não tenha qualquer plano ou meio de ação para tal fim, e nem sequer desconfie que MBL e PSDB se apropriam de seu discurso para conseguir benefícios próprios nos pontos que têm em comum, ainda que MBL e PSDB não se entendam em outros, ou que o alheio cidadãozinho rejeite ambos os grupos como a peste.

Mas, como eu digo, de homonímia sutil em homonímia sutil, o falastrão enche o papo. Citando ainda Aristóteles no livro I e II da Política, ele endossa o que eu digo que o homem é um animal político, sim, eu concordo com ele! Tanto que no meu texto eu disse:
Política tem a ver (segundo minha percepção) com a concepção clássica de política, ou seja, a administração dos assuntos da polis, que envolve a busca pelo bem comum. Esse conceito que não existe na modernidade, em que o Estado é o fruto contratual da repartição política. Uma sociedade divida em partidos e blocos ideológicos que visam à implantação de programas de Estado e governo, que passam ao largo da ideia de bem comum, já que no fim das contas, quase todos são filhos de Maquiavel, como bem pontuou Jacques Maritain em “Cristianismo e Democracia”. É nesse contexto político que nasce a “guerra política” que Ayan exige e implora que eu faça parte.
Ou seja, ele se aproveita de fazer vistas grossas ao que eu entendo como política na modernidade, ou o que eu chamo normalmente no meu facebook de big politics, com a vida na polis! Ele teria total razão em me chamar de louco se eu negasse isso! O que eu estou negando não é a política enquanto trabalho humano na comunidade, algo que todos temos em comum, exceto talvez se você for um autista em mais alto grau, ou um ser vegetando. O que eu me recuso é em mudar minhas opiniões, refrear minha língua ou o que quer que seja, só porque isso seria contraproducente ou porque a realidade política (realpolitik) exige acordos realistas. Eu, no máximo, tento usar a realidade como contraponto para o que os católicos e cristãos em geral, mas mais especificamente os católicos, devem pensar e defender no intuito de mais agradar a Igreja, sobretudo em sua doutrina social, mas dentro daquilo que EU penso enquanto indivíduo, sem que isso signifique de maneira alguma, de que sou um membro ativo do laicato católico ou tenha uma organização cristã para atuar politicamente em proporstas factíveis no terreno da big politics.

Em outras palavras, aquilo que Ayan diz que eu nego como luta política, é justamente aquilo que ele diz que é negacionista em Maritain, que eu resumo no mesmo texto:

Ele (Jacques Maritain) mostra como as “famílias clânicas”, ao se encontrarem com outras, dão origem às tribos, que pela sua expansão demográfica e econômica, precisam “eleger” para manutenção da ordem, líderes políticos sobre os quais residirão o poder de coerção. É claro que eleger aqui não tem sentido democrático, essas representações nascem organicamente da interação entre as pessoas humanas dentro dessas sociedades, mergulhada na imperceptível teia de símbolos culturais que o abarcam.
Isso seria só uma contradição de quem num momento de fúria e descontrole emocional, haja visto todos os impropérios que lança contra mim, se não fosse pela sua tese de usar desonestidade intelectual grosseira com "boas intenções". Como pode ser a política em seu sentido clássico, uma negação da guerra política e simultaneamente ser um exemplo da guerra política, inclusive com uma mimosa citação do livro de Jó? Mistééério...

Isso para não falar no rótulo de Olavette o qual foi questionado e negado por mim em meu texto, o qual ele reafirma ad nauseam, sem nem nem mesmo entrar no mérito de discuti-lo. Diz ainda que eu me tenho acima da realidade e da importância que eu alego ter, quando no MESMO TEXTO, cita Roger Roberto que de modo bastante gentil pro desdém que lhe é peculiar, se recusa a me citar por que eu aleguei ser um indigno de tamanho quiproquó! Ayan acredita-se uma fortaleza inexpugnável, quando na verdade é cheio de contradições, as quais não apontei antes porque me dediquei ao desabafo.

Tendo pessoalmente a pressupor que o meu oponente erra por não entender, acompanhar ou conceber ainda que hipoteticamente as premissas as quais começo a raciocinar, e também, por desconhecer meus interesses. Por isso tanto no debate com Roger, quanto na conversa com Ayan, decidi expor um pouco do que sou e penso, para que o oponente tente se ater a realidade das minhas intenções. Este não é o caso de Luciano Ayan, obviamente. Como consequência Ayan se torna uma ilha de fúria e descontentamento, pelo simples fato de eu negar, pela mesma lógica dele (embora amparada em outros princípios), aquilo que ele tão entusiasticamente abraça. O próprio fato dele se dedicar com seus "abiguinhos" a me responder de forma tão forte, demonstra que ele dá a mim mais atenção do que eu de fato mereço, embora ele tente negar.

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