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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Economia Social de Mercado: Ela é liberal ou socialista?


Sempre que falo da economia social de mercado, liberais tendem a vê-la como uma espécie de social-democracia subsidiária e moralista; sociais democratas a vêem como mais um filhote do bicho-papão "neoliberalismo". Mas afinal, a ESM é liberal ou social-democrata?

Nenhuma das duas alternativas é a resposta. A nível de princípios, a ESM é hostil às premissas filosóficas das quais tanto liberais e socialistas começam seus raciocínios falaciosos. Como sugerida pelo papa João Paulo II na Centesimus Annus, e reforçada pelo papa Francisco na sua recente entrevista ao jornal francês La Croix, a ESM começa a raciocinar a partir dos conceitos de dignidade da pessoa humana, de princípios éticos como o do bem comum, que refletindo as virtudes cristãs, resultam numa economia mais do que livre e justa, mas também ética.

Nem a liberdade e nem a igualdade, como "princípios", encontram eco na ESM, pois nesses postos são apenas filhas do iluminismo e da revolução liberal. Mas sim os princípios da verdade, da moralidade, da justiça e do bem comum. Isso não quer dizer que a ESM aja num esnobismo intelectual pré-moderno negando os acertos que existem nas doutrinas econômicas modernas, ao contrário, elas estudam os erros modernos e extraem deles, alguns elementos da verdade que podem ser inseridos no pensamento da Doutrina Social da Igreja, de modo que estes estejam subjugados pelos verdadeiros princípios da Igreja Católica.

Isso quer dizer, em outras palavras, que não adotamos ideias de Hayek, de Keynes ou de Friedman porque elas são destas ou daquelas escolas de pensamento. Mas sim escolhemos (e também rejeitamos) suas ideias na medida em que elas não afrontam os princípios tomistas e agostinianos que embasam a santa fé católica, e são perfeitamente capazes de explicar a realidade.

Isto não é "ecumenismo modernista", que em nome de pequenos acertos nas heresias, engolem alguns junto com elas, muitas mentiras. Ao contrário, o esforço que tentamos fazer é similar aos dos nossos grandes santos, respectivamente, Santo Tomás e Santo Agostinho, quando estes ao estudarem o pensamento aristotélico e platônico, retiraram deles o que de virtuoso havia, rejeitando entretanto, o que de neles havia de pecaminoso e herético, a saber: o paganismo.

Como disse sabiamente Chesterton, o mundo moderno não está como está por falta de virtudes cristãs, mas sim pelo excesso delas, que desgarradas de sua fonte original, hoje andam por aí, caducas, e causam assim enormes estragos. A nossa proposta é recolher estas verdades e submetê-las de volta às rédeas de sua fonte original, o magistério da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

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